Nota de Abertura

Este blog tem como propósito a divulgação das minhas idéias culinárias, tentando fazer ”crescer água na boca” a todos os que o visitam bem como anunciar a minha disponibilidade para executar estas e outras sugestões na sua própria casa ou por encomenda, se assim o desejar.

Tiro as minhas idéias de várias fontes, tais como: blogs, sites, livros, revistas, receitas antigas de família, etc.; mas também, de pratos que vou degustando em casa de amigos, restaurantes, etc.

Tenho o defeito, ou a virtude quiçá, de normalmente cozinhar “a olho”, pelo que me é difícil apresentar receitas da forma tradicional, mas, acreditem, o resultado é quase sempre muito bom.

O maior desafio que um cozinheiro tem no seu dia-a-dia é abrir o frigorifico ou a despensa, e com o que lá está elaborar uma refeição deliciosa. Não é fácil, mas é um desafio que assumo quase diáriamente em casa.

Espero que gostem e fico à espera de comentário e sugestões.

Bem hajam.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Páscoa

Com a aproximação da quadra pascal quero informar que fui acometido de um sindrome agudo de nostalgia. Acontece que durante muitos anos, desde que me conheço, a Páscoa era passada em Arcos, Anadia que era a terra do meu Pai, onde era obrigatório comer na 6ª feira santa trutas pescadas por ele, a chanfana no sábado e o inevitável leitão no domingo.

O almoço de domingo de Páscoa era quase um ritual litúrgico no qual, a seguir à missa, estava a família toda à mesa a degustar uma cabidela de leitão quando chegava o bacorinho assado pela Preciosa em forno a lenha mesmo ali ao lado de casa.

Vinha a fumegar, com a pele dourada e estaladiça, e o meu Pai fazia o teste para verificar se o dito estava no ponto de assadura ou não. E a pobre da Preciosa à espera do veredicto. Este teste consistia em colocar um prato por baixo da cabeça do leitão e com a borda de outro prato na vertical colocado no pescoço arrancar a cabeça do dito. Se ela se desprendesse fácilmente, o bicho estava no ponto, senão voltava para o forno. Depois era trinchá-lo e saboreá-lo com a respectiva salada e as batatas fritas fininhas às rodelas bem secas e a indispensável baga da Bairrada.

Depois do almoço, esperavamos durante a tarde a chegada do Padre Vilarinho que levava a cruz a todas as casas, abençoava todos e lá dávamos um beijo nos pés de Cristo com as portas da casa abertas para quem quisesse entrar e lanchar o indispensável espumante bairradino acompanhado por outros petiscos entre os quais o folar barrado com queijo da serra.

Entretanto o meu Pai morreu há 11 anos e a família (chegavamos a sentar 30 pessoas à mesa) foi-se dispersando até que a Páscoa em Arcos acabou-se. Que saudades.........

Perdoem-me este acesso de nostalgia, mas quero realçar que ainda restam algumas tradições, principalmente no norte de Portugal que aliam a quadra religiosa com as tradições gastronómicas que merecem ser vividas e preservadas.